MARATONA MITO OU REALIDADE

uma reflexão



A Maratona tem uma mística, por muito que a analisemos, por muito que a critiquemos estamos a fortalecer esse facto.

Eu sou novo nisto das corridas como praticante (só comecei este ano), mas já me apercebi que a clássica distancia movimenta paixões, ódios e negócios. Que eu saiba (e os colegas de fórum poderão me ajudar), uma das primeiras maratonas de participação popular, foi já depois do 25 de Abril e teve lugar no Autódromo do Estoril – provavelmente por causa da crise do petróleo – não sei se os abastecimentos eram bons, se as marcas de Km estavam bem feitas, etc., mas algo levou um punhado de “malucos” a andar às voltas num circuito de 3 ou 4 Km. Nesses anos 70 começaram a crescer as maratonas de grandes massas e a febre do jogging / footing, começa-se a falar que uns bons milhares de pessoas se juntam para fazer 42,195 Km à volta dos diversos bairros da cidade de Nova Iorque, hoje essa prova é patrocinada por um banco Europeu e movimenta milhões de dólares . Nos anos 80 começa o fenómeno de Londres que hoje é quase um exclusivo para cerca 30.000 participantes e também com um patrocinador exclusivo (conhecido em Portugal principalmente pela margarina mas que tem umas compotas fabulosas). Actualmente todas as grandes cidades mundiais têm a sua maratona.

No séc. XXI temos o negócio da maratona, e quando digo negócio não pretendo ser depreciativo, para existir um negócio têm que existir clientes e esses clientes exigem ser bem tratados, querem ser “mimados”. Querem que uma organização tenha criatividade, que não se limite a oferecer a t-shirtezinha mas ofereça uma camiseta de alças de material transpirável que faça publicidade à prova e aos patrocinadores noutras provas, querem ter os tempos parciais e o tempos previstos de chegada, querem ter quartos de laranja, pedaços de banana, powergel, powerbar, bebidas isotónicas ou até batata cozida, querem ter fanfarras dos bombeiros, bandas filarmónicas, ranchos folclóricos, tunas a cada 5 Km, querem que o percurso seja sempre o mesmo ao longo da história dessa maratona, querem que o percurso não seja monótono, querem que o percurso passe pelos locais históricos / ex-libris, sem problema se passar colinas, querem ter gosto e orgulho em usar o merchandizing dessa prova, querem ter quem o aconchegue quando corta a meta depois daqueles “quilómetrozitos” e outras coisas que “mimam”.

Nos tempos que vivemos existem também aqueles que buscam o radical e não querem nem gostam de “mimos”, são aqueles que pagam uns milhares de euros para ir num navio ao polo norte e andam a correr às voltas a fazer a distancia, são aqueles que vão até à muralha da China subir e descer 42,195 Km de escadas, são aqueles que vão até aos Himalaias correr, são aqueles que vão correr a Comrades e a Two Oceans à Africa do Sul, etc….

Para Lisboa / Portugal a minha previsão para o futuro é a seguinte:

Um grande nome da organização desportiva em Portugal “pegou” na maratona de Abril, esse nome começou por trazer o Bjorn Borg para se exibir e acabou com a maior prova no ténis a nível mundial que é o masters, no golfe melhorou muito a pasmaceira que ia no open, no ciclismo a “volta” teve melhorias visíveis.

Assim penso (esta ficção é de borla) que o João Lagos vai transformar a maratona de abril na “Estoril Marathon”, que como o nome indica vai começar na marginal junto ao tamariz, vem sempre junto à costa do sol, dá um abraço aos Jerónimos, lança um beijo ao Castelo, contorna a torre Vasco da Gama e terminará gloriosamente no nosso “Panatinaykon” Estádio Nacional / Jamor, onde os 20.000 chegados terão todos os mimos e mais algumas coisas.

Um grande abraço

a minha corrida

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