No passado sábado marquei presença numa das provas míticas do “Trail” em Portugal, os Trilhos dos Abutres.
O acesso à inscrição na prova é feito via sorteio e eu tive a sorte de me poder inscrever na prova de 30km. Optei por esta distância porque na planificação que tinha para este ano, não se enquadrava estar a fazer uma ultra com esta dureza considerável.
O despertador tocou pelas 4h00 e fiz os meus “rituais” para sair de casa por volta das 5h00 para chegar a tempo de ver a partida da ultra e não ter “stresses” com cortes de trânsito, etc. Fui até à expo que se situava no mercado e onde seria local de partida e chegada das provas, vi muita organização, tal como esperava, levantei o meu kit e aguardei mais um pouco para assistir à largada dos aventureiros dos 55km. Depois fui até ao carro, que ficou a umas centenas de metros, e fiquei lá um pouco até começar a preparar o material.
Vinte minutos antes das 10h00 fui para o controlo zero, onde pediram apenas para ver o telemóvel e o apito, e fiquei a aguardar com cerca de seis centenas de participantes a hora da partida. O tempo estava bom, temperatura amena, uma leve neblina e sem chuva.
No inicio demos uma voltinha pela vila e optei por manter um ritmo mais forte do que o costume para não apanhar engarrafamentos, passamos pelo parque biológico e depois temos a primeira subida até à pirâmide, entre os 4 e 5 km, passou um rapaz por mim que ia a fazer marcas de guerra na cara (tipo índio) com a lama… depois tivemos uma descida acentuada em estradão, que deu para aquecer as pernas até aos 8 km. Depois é uma zona que acho que é uma pista de “downhill” btt mas que nós fizemos no sentido ascendente, apesar da inclinação não ser muita, não me senti com energia para correr e estar atento ao single track ao mesmo tempo, por isso fui intercalando. Aos 12 km temos o primeiro abastecimento, atestei a garrafa de água e bebi dois copos de cola e depois veio a “micro Zegama” – Srª da Piedade (que eu pensava ser um pouco maior) em que o público puxava por nós na escadaria, depois veio uma subida mais técnica e a seguir vieram 5 km com cerca de meio km vertical, num trilho agradável e muito bem marcado com bandeiras. Antes da bonita aldeia de xisto Gondramaz e o respectivo abastecimento aos 21 km, tivemos uma pequena amostra de descida mais técnica. Mas o pior veio a seguir, descida muito complicada, quer pelo declive, quer pela perigosidade, acabei por fazer os 6 km seguintes (que eram 550m verticais negativos) mais lentamente que a própria subida, havia uma parte onde surgiram os participantes da ultra e acho que eram de ritmos bastante altos o que também fazia com que estivesse constantemente a encostar para dar passagem. Acabei por cair só 3 vezes, mas nada de cuidados, os tendões é que se iam queixando das quase espargatas e dos levantamentos rápidos. Estava ansioso para que este tipo de terreno terminasse, mas mesmo depois do último abastecimento na aldeia de Espinho a cerca de 4 km da meta, ia todo “lampeiro” a carregar no acelerador e mais uns “atascanços” na lama e mais cuidados numas pequenas levadas e mais um rabo no chão… só já no alcatrão é que passei uns 8 ou 9 participantes para terminar em grande estilo.
Em jeito de conclusão, dei o meu melhor, duvido que mesmo com muita prática, tenha agilidade e coragem para ser muito mais rápido naquele tipo de descida técnica. Olhando apenas para a altimetria, até parece que +1500m para 30km nem são nada de especial, mas é preciso contar que o equivalente negativo não vai “compensar” o tempo pois tem o tal factor “técnico”. Em termos físicos, não tive qualquer desgaste fora do normal, nem qualquer impacto das tais quedas. Fico sempre a pensar como é que os “Killians” e afins conseguem passar ali de forma mais rápida do que eu vou na estrada… Talvez volte um dia para fazer a mais longa, se não, fica já este carimbo no passaporte.
Aqui fica a minha análise (review) da prova:
Aqui fica a minha análise (review) da prova:
Pontos Positivos:
- Excelentes marcações
- Percurso desafiante
- Abastecimentos
- Organização
- Banhos
- Bonito troféu
Pontos Negativos:
- Talvez para os da Ultra 55km, nós os lentos, fossemos um incómodo na parte final
- De resto nada mais a salientar
O meu registo no Strava:
Abraços e boas corridas!
a minha corrida
"entre os 4 e 5 km, passou um rapaz por mim que ia a fazer marcas de guerra na cara (tipo índio) com a lama" ahahah
Há mesmo gostos para tudo. Esse troço entre GOndramaz e Espinho é dos meus preferidos de sempre! E adoro fazê-lo a abrir. Não passaram pela cascata a seguir à capela? Pensava que sim!
Eu também fiz a abrir… passagem para os outros 😉
A minha idade já não permite muitos equilibrismos 🙂
Sim, passámos por uma cascata ou várias, sinceramente não me recordo em que momento.
A medalha é muito original. Acho sempre mais piada às originais do que as recortadas em metal.
Não sabia que o acesso era por sorteio. Pensei que dosse por inscrição como "normal" 🙂
Parabéns pela conclusão. Tenho ideia ser dos trails mais desafiantes no bom sentido em Portugal.